sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

- Verdade em Sussurros

Passamos demasiado tempo a pensar. Ou melhor, penso que o termo mais correcto será “matutar”. É quase um mau e irresistível hábito este que não conseguimos largar, por muito que tenhamos vontade, por muito que tentemos desligar a “ficha” mesmo quando o corpo e a mente já acusam altos níveis de cansaço e saturação. Se fizéssemos contas ao desperdício de tempo que perdemos nesta actividade, ficaríamos surpreendidos com os anos que foram cano abaixo em nome de um enorme “nada”: Não, não digo que pensar é mau, mas, e para o que este texto é chamado, pergunto: Quanto tempo não perdemos já com pensamentos e racionalizações perfeitamente inúteis e vazias de importância? Quantas horas não perdemos de sono a fazer a rodagem de um qualquer ”filme” que nunca verá a luz do dia nos ecrãs da vida real? Quanto tempo da nossa vida não desperdiçamos a racionalizar o que sentimos em relação a isto e aquilo, em relação a este e aquele, quando o que realmente importava, não era saber o que pensar sobre isso, mas sim, o que Sentir em relação a isso? Pois é…. Vocês sabem bem do que falo. Pois vou dar-vos uma novidade (que não é novidade nenhuma): Um pensamento não passa apenas disso: Um pensamento. Não é realidade. Por isso, muitas vezes, não representa rigorosamente nada. É inútil prestar-lhe demasiada atenção. É sobrevalorizado. Gastamos demasiado tempo com imagens e ideias fictícias acerca de um milhar de questões que nos rodeiam. Ocupamos demasiadamente a nossa mente com cenários, com consequências, com “lógicas”, assim como quem passa horas defronte de um gigantesco puzzle que precisa de ser completo para que tudo faça sentido, como se daí, desse completar das peças, dependesse a nossa sanidade mental. Para este problema, sugiro apenas uma “solução”: Deixem de prestar tanta atenção á vossa mente. Ouçam mais uma outra parte do vosso ser. Ouçam aquela voz que vos fala em sussurros, e que por força da Razão, é cada vez menos escutada. Falo da Voz do Sentir. Ouçam sempre a Voz que vos diz aquilo que sentem em relação ao "quadro" que defrontam, e tudo, rigorosamente tudo, vos será sempre claro, pelos menos aos vossos olhos…

2 comentários:

Jota disse...

Amigo Helder,
Permite-me discordar em 50% do que escreves.
Um pensamento é do mais real que existe e é o sinal que estamos bem vivos (penso, logo existo dizia René Descartes), filosofo, físico, matemático e o pai da revolução científica. O pensamento é das coisas mais autênticas do ser humano.
Já outra coisa é a decisão seja do que for, pela voz do sentir e aí, subscrevo-te.
Embora tenha tido algumas amarguras já, por decidir, através do sentir.
Abraço.

Hélder Ferrão disse...

Sim Jota, um pensamento é do mais real que existe. Mas, muitas vezes, ele não passa de uma mera "ilusão de óptica". Quantas vezes não damos por nós a "adivinhar o futuro" e a pintá-lo de negro sem razões que o justifique? São autênticas percas de tempo com algo que não aconteceu, e provavelmente nunca acontecerá... Na minha opinião, somos nós que damos força ao pensamento, somos nós que lhe damos "autorização" de ele se tornar real, ou não. O facto de ele surgir na minha cabeça, não lhe dá o direito de ele se manifestar na minha vida de uma forma prática...
(Este é um lado da questão)
Quanto ao lado de Sentir, já penso exactamente o contrário. Ele sim, é sempre Real, porque se não lhe dermos ouvidos, ele nunca mais se cala e, mesmo quando se engana, está sempre "certo"... (risos)
Abraço, Jota!