terça-feira, 28 de junho de 2011

- Sete

A consciência da importância da Vida aparece sempre com mais força quando nos deparamos com a fatalidade. A Morte, ou a ideia da Morte, continua a ser um “daqueles assuntos” a que fugimos sempre que podemos e, se possível, á velocidade de sete pés por segundo. É Tabu, é proibido, deita-nos para baixo. Pensar nisso é autêntica perda de tempo, a não ser que ela, a “Ceifeira de Vidas”, esteja apenas a “sete minutos” de distância de acabar com a nossa. Curioso é o facto de acharmos que a Morte é algo que está “lá longe”, vizinha dos que têm os seus oitentas e tais e de quem tem a sua sentença ditada por um desses diagnósticos cruéis e irreversíveis. A verificar-se a ausência de algum destes casos, sim, mais vale mantê-la enterrada a sete palmos no chão, não vá o Diabo tecê-las e ela aparecer apenas por ouvir o seu nome. Mas não há razões para preocupações, juramos nós, embora meio desconfiados. Temos algumas certezas na Vida, e em relação a ela, á morte, também. Embora em conversas sobre o tema digamos que Ela espreita a cada esquina, a cada passo que damos, e que a menor distracção pode ser fatal, e blá blá blá, temos em nós a plena convicção de que Ela é mais um “produto” da imaginação do que outra coisa qualquer. Temos a certeza que Ela acontece, mas não a nós, gente nova, pessoas atentas a todos os perigos, pessoas prevenidas e vacinadas contra todo e qualquer tipo de germe que ande á solta no ar. Acreditamos que temos o controlo das nossas vidas, e, se estivermos alertas, claro, podemo-La sempre manter afastada do nosso caminho por décadas. Não falamos Nela, porque Ela, pelo menos hoje, não é uma ameaça real, porque Ela vive num cantinho escuro do nosso futuro á espera de aparecer disfarçada de “consequência natural” fruto de uma longa vida. Por isso, para quê lhe dar importância? Qual a vantagem de dar Vida á Morte quando Ela nem sequer está presente? A esta questão, só vocês podem responder. Eu tenho a minha resposta, e muitas incertezas em relação a ela.

Existe uma frase de um conhecido escritor que descreve a sua intenção para a escritura do seu Epitáfio: “Morreu enquanto estava Vivo”. Gostava que escrevessem o mesmo para mim quando esta minha Vida acabar, mas claro, isso só acontecerá daqui a muitos muitos anos, como gosto de imaginar que seja. Mas não sei…

1 comentário:

Jota disse...

Li-te com atenção e pergunto: porquê pensar na morte, quando podemos pensar na vida, pelo menos enquanto estamos vivos?
Deixo-te com uma outra frase de um também conhecido escritor:
"O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela. (Fernando Pessoa)
Abraço