quinta-feira, 18 de novembro de 2010

- Caminhada Imprevista

Hoje fiz algo que me é completamente incaracterístico. Fui caminhar. Quando saí do quarto do hotel onde me encontro aqui em Setúbal, tinha quase tudo em mente, menos andar a pé durante uns bons 60 minutos. Um cafezinho num lugar simpático onde pudesse também fumar o meu cigarro era a ideia, mas, por qualquer razão, não encontrei nenhum estabelecimento aberto para levar este meu plano avante. Enquanto caminhava insistente á procura de uma porta aberta com um chávena de café quente á minha espera, só ao fim de algum tempo notei que já o fazia há vários minutos sem qualquer êxito. Achei o facto estranho, mas não me importei muito com isso. Estava muito frio, daquele que quase que corta, mas não desisti; Continuei a andar, determinado na minha missão. Não sei quando aconteceu, mas a ideia que tinha do café evaporou-se completamente da minha cabeça. Andava já por andar, mas agora com vontade, como se a minha missão agora fosse andar, apenas andar. Algo me impelia a continuar, a cada passo, como se uma força invisível me puxasse para a frente. Durante o percurso, andei e perdi-me por pequenas ruas de pequeno comércio que se achavam desertas àquela hora e eu, tendo apenas por companhia os inúmeros painéis publicitários que iluminavam de várias cores o empedrado das calçadas, não cheguei sequer a preocupar-me com o aonde é que iam desembocar. Passados mais ou menos 30 minutos, sentei-me por fim numa enorme praça completamente vazia de gente e fumei um cigarro. Estive ali, a admirar o “nada”, a sentir o “nada”, admirando o silêncio e a simplicidade daquele momento e, embora estivesse a tiritar de frio, aquele, de todos, era o lugar mais acolhedor para se estar.
Sem pressa retomei o caminho de volta para o hotel e, quando já desistira de pensar no assunto, o tal cafezinho aberto que eu tanto tinha procurado há uma boa hora atrás, surgiu ali, a uns meros 50 metros do hotel…

4 comentários:

W a l k e r * disse...

Seria um encontro contigo mesmo? :)

ThreeTense disse...

Eu adoro as caminhadas imprevistas...ou não fosse a vida uma!

Hélder Ferrão disse...

Acredito que sim, Walker Woman. Acredito que a vida quase que nos "obriga" a parar (ou a andar neste caso" quando é necessário. Normalmente isso acontece quando menos estamos á espera, e faz tão bem...
Beijinhos

Hélder Ferrão disse...

Eu não sou um "adepto" de caminhadas imprevistas mas, quando elas acontecem, adoro-as...
Beijinhos, Três Tempos