terça-feira, 6 de julho de 2010

Castelos de Areia


Por muito que queiramos nos distanciar dos problemas quotidianos a que estamos sujeitos, assim a jeito de "vê lá se abrandas ou páras um bocado" para dessa forma passarmos a aprender a valorizar aquilo que é realmente importante, não conseguimos. Ela, a Vida, não deixa, porque o “realmente importante” pode esperar. Afinal, é preciso sobreviver, e para isso, é necessário não parar. “O Sol, a praia, um passeio pelo campo, isso sim, isso sim é que é importante!” dizem tantos, principalmente aqueles que tudo têm, principalmente todos aqueles que têm tempo para olhar o mar e cheirar as rosas, que têm tempo para ter tempo para “desligarem a ficha” das prioridades primárias a que a exigência da sobrevivência ordena á maioria. Fazem-no porque simplesmente o podem, isso porque o seu castelo está bem montado e fortemente seguro por vigas e pilares de aço enterrados fundo no chão. Têm tempo, o tal "precioso", porque o podem comprar, e quanto a isso nada, desde que o valorizem como os "outros" o valorizam. Sim, falo desses tantos outros, da maioria, dos que nada têm e que todos os dias continuam a lutar para nada continuar a ter, e que para quem o Tempo é um bem de luxo dificil de adquirir para gastar "mal" gasto... Infelizmente vivem e sobrevivem nesses muitos castelos feitos de areia fina, porque o dinheiro, que mal dá para o pão, não dá também para o cimento… O ritmo frenético dos dias obriga-os por vezes a parar, a "gastar dinheiro que não têm" numa praia qualquer mas, quando o fazem, quando se permitem a provar o tal "doce sumo da vida", raramente se apercebem da bela, porém gigantesca onda que contemplam naquele belissimo mar e que, nesse segundo de prazer, vai acabar por desabar também nas suas cabeças…
Amar a vida e desfrutar das suas muitas simplicidades, para muitos, tem o seu preço, e muito alto até.

2 comentários:

ThreeTense disse...

Ps: O «castelo bem montado e fortemente seguro por vigas e pilares de aço enterrados fundo no chão» também dasaba, com efeitos dramáticos e raramente se volta a erguer...

Hélder Ferrão disse...

Sim minha cara Três Tempos, uma grande verdade, sem dúvida...
Abraço