terça-feira, 3 de novembro de 2009

Lado Lunar


O Mundo, tal como o conhecemos, foi criado, sem excepções, por opostos. Assim como o reverso da moeda, esse “outro lado” revela-se em rigorosamente tudo o que existe, e, inclusive, em tudo aquilo que apenas acreditamos que exista, mesmo sem “o” conseguir-mos ver, sem o conseguir-mos provar. Dizem que Deus construiu o Mundo desta forma para que pudéssemos escolher. Escolher entre o dia e a noite, entre o quente e o frio, pelo bom e pelo mau… O ser humano, como tudo o resto, é composto por estas “duas metades” em oposição. Assim, como um espelho negro da alma, reflectimos muitas vezes uma imagem que desconhecemos, uma imagem distorcida de nós próprios. Desconhecemos os seus limites, o seu temperamento, a sua razoabilidade, as suas intenções. Esta nova imagem, é, toda ela, uma nova personalidade, com um pensar, com um sentir, com um “ser” próprio, cujos traços nos são estranhos. Ela é, quer queiramos, quer não, metade do “Todo” que somos, metade do “todo” que sentimos. Todos nós, temos “esse” nosso “Lado Lunar”, claro que, uns mais escuros, e outros, mais para o acinzentados… Durante o meu dia, dou muitas vezes comigo a discutir com esse meu “irmão gémeo”. Sim, digo irmão gémeo, porque “ele” faz parte de mim, ele, de facto, sou “eu”, e não um qualquer espírito que ocupou o meu corpo com desejos de vingança e acessos de fúria, (embora muita gente encontre “aqui” algumas explicações para esse seu “outro lado”). Temos batalhas quase diárias, ele é forte, persistente e valente. Gosto de combater com ele, e claro que não há “vencidos permanentes”, apenas entendimento mútuo, e, no campo de batalha, leva “a melhor”quase sempre aquele que conhece bem o seu inimigo. Aprendo, todos os dias, a conviver com este meu “irmão” (que agora está a dormir), e as batalhas, nem sempre são ganhas por mim…O facto da “Escuridão” viver dentro de nós, não significa que não tenhamos Luz nos nossos olhos, porque, tudo o que dizemos, fazemos, sentimos, é uma escolha, vinda de uma luta entre o "Bom e o Mau" que coabitam em conjunto…

2 comentários:

liamaral disse...

Concordo! Por vezes, usamos a expressão do "nem me reconheci", por isso mesmo, porque apesar dos nosso ideais e fixações, há alturas em que mudamos, e na minha opinião, ainda bem que assim somos, flexiveis em algumas coisas!
:) Beijinho

Hélder Ferrão disse...

Mas, com o tempo, esse "não me reconheci" começa a perder força, começa a ser previsivel, e aí, sabemos os seus limites... Claro que não aspiro a ser um Santo, porque de vez em quando é preciso dar e receber uns abanões "daqueles"!
Beijinho, Liamaral